“Você não sabia com quem estava, Israel? Você não conheceu quem te salvou? Quem te protegeu, te cuidou, te amou. Oh Israel, para onde olhaste por todo esse tempo? Oh noiva, o que impediu de seus olhos ver o agir de Deus? Seus ouvidos, para que servem, se não podem ouvir a voz do teu Pai? Oh regatado povo, o que fazes? ”
Essas linhas podiam ser direcionadas ao histórico povo de Israel, e como podia. Na verdade, em outras palavras, de diversas formas foram ditas sim. Ditas para o povo que viu Deus de perto, o povo resgatado, como um filho órfão que recebeu um nome, ganhou um Pai, um novo caminho a trilhar e um glorioso futuro lhes foi prometido.
Mas diversas vezes esse mesmo povo foi advertido. Pessoas que viveram as maravilhas de Deus, mas lhe viraram as costas incansavelmente. Se Deus não respondia, se a resposta não os agradava, se Deus “ousava demorar”, ou sem motivo algum. Bastava ter diante de si culturas, povos e divindades diferentes, que Israel abandonava o Deus que os amava, deles cuidava e protegia, e se curvava a deuses pagãos.
E com a mesma facilidade que o povo que andou ao lado de Deus abriu mão dele, isso se repetiu no novo testamento. Pedro, um dos discípulos mais próximo de Cristo o negou, trocando-o, não por deuses, mas por sua vida. E também outros que andaram com Jesus, pessoas que ouviram suas palavras, presenciaram seus milagres, comeram com ele, mas perderam suas esperanças e voltaram a suas velhas vidas diante da morte do Mestre. Como que não conheciam aquele a quem seguiram e ouviram.
E assim também foi com a igreja, não nós ainda, mas a igreja admoestada por Paulo, a igreja que recebeu cartas dele as advertindo acerca da entronização dele ou de Apolo, em Corinto. Ou a entronização da lei por parte do povo salvo pela graça, em Galácia, Assim foi em cada cidade, em cada tempo, o povo de Deus se afastando Dele. A nação sobre a qual Deus sempre esteve presente, fosse numa coluna de fogo, nas palavras de um profeta, na personificação do Filho, ou na presença do Santo Espírito, sempre encontrou um jeito de colocá-lo em segundo plano e se fazer escravo.
E mesmo fora das páginas da bíblia a história se repete, “Por isso ainda faço denúncias contra vocês, diz o Senhor, e farei contra os seus descendentes” (Jeremias 2:9 NVI), porque nós, descendência, repetimos os mesmos erros de nossos pais. A bíblia diz que é sábio aquele que aprende com a desgraça do tolo, mas ainda não vi a geração que usa as lições dos outros para trilhar o caminho de Deus. Pelo contrário, cada geração insiste em errar de igual modo, insiste em ter suas próprias experiências, entregando-se a qualquer coisa além de Deus, aprisionando-se a qualquer coisa que atravesse o nosso caminho.
Somos mais uma geração a quem as palavras do início desse texto se adequam, um povo que não conhece o seu Deus, mas se deixa ser servo de seus próprios desejos. Uma noiva insensível à voz de Deus, uma noiva manchada, uma noiva que não se preserva para o seu noivo, que nem mesmo conhece a imensidão do amor dele. Mas se entrega à menor das ofertas.
Conheçamos o nosso Deus, oh igreja, e saberemos que ainda há chance de sermos somente dEle, que a impureza do nosso vestido pode ser limpa com o sangue do Cordeiro. E podemos ser livres de amarras. Uma noiva pronta para a chegada do Santo Noivo.
Ariane Machado
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