Crescemos ouvindo que a volta de Jesus está próxima, tenha você 12 anos ou esteja passando dos 70. A sua geração podia ser a última, como também se ouviu sobre a geração dos meus pais, e com ameaças mais específicas como o fim dos tempos previsto para os anos 2000, a minha certamente foi a que chegou mais perto de ser a última. E assim temos gerações e mais gerações à sombra de uma espera.
Mas há outros itens numa lista, talvez, imensa de dizeres que são apontados a cada geração, especificando essas proposições a cada um de nossos antepassados, depois para nós, e mais tarde para os que ainda virão.
Ouvi há pouco tempo que somos uma “Geração que não sente a dor do coração de Deus”, e pensei no quanto precisamos estar conectados a Deus, e decidi procurar por exemplos, exemplos de eras em que havia uma relação de intimidade com Deus, de gerações que eram uma com Deus, não analisando o mundo em geral, mas no mínimo em seu povo.
E igual a cada geração que é mais uma candidata a ser a última, percebi que a nossa, e cada uma das anteriores não sentiam a dor do coração de Deus. Podemos tentar comparar os novos aos velhos costumes e quais se adequam mais aos padrões de Deus, mas não importa o resultado de sua comparação, tenho certeza de que ele tem muito mais a ver com a moral aceitável a cada época, do que com o relacionamento com Deus.
A geração de Moisés, o povo que teve um dos maiores líderes da história do povo de Deus, homens e mulheres que viveram os maiores sinais do poder Divino, pessoas que caminharam dia e noite com os símbolos mais “palpáveis” da presença de Deus – a nuvem e a coluna de fogo. A geração de quem, talvez, Deus esteve mais perto, tentando dia e noite torná-los conhecedores de suas alegrias e dores, de seus desejos para seu povo.
Mas ainda assim, não conseguiram viver a promessa de Deus, seus sentidos estavam muito mais voltados para si, para a saudade do Egito, para o imediatismo, do que para Deus e não viram o Seu coração chorar quando, diante da menor ausência de sua voz, optaram por criar um deus para si. Não entenderam que Deus sofria em castiga-los, fazendo-os passar 40 anos longe de sua promessa. Não viram que Deus se irava ao vê-los o rejeitando.
E mais tarde, em cada geração. As gerações descritas em Juízes, incapazes de permanecerem no caminho de Deus sem o braço forte de um líder. As gerações dos profetas que, mesmo ouvindo deles sobre a ira de Deus, seguida por uma nova chance de reconciliação, foram incapazes de entender a imensidão do amor de Deus e seu chamado a uma caminhada segura com ele.
E nessa brincadeira de comparação, percebi que podemos ser incomparáveis, podemos ser a primeira Geração que sente a dor do coração de Deus. Não um só patriarca a quem Deus pode chamar de amigo, não só um líder manso e corajoso, não só um rei que entre quedas e recomeços foi um homem segundo o coração de Deus, não só um profeta capaz de pôr em risco sua própria vida – na pessoa de Daniel – ou abrir mão do que quer que tenha sonhado para si, para sentir de fisicamente a dor de Deus – como na história de Oséias.
Mais do que homens e mulheres isolados na história, podemos ser uma igreja que chora antes de dormir porque alguém necessita de cuidado e não fomos capazes de dar, podemos ser o povo que dobra nossos joelhos juntos orando por uma nação, podemos ser a geração que não se aquieta enquanto não pode fazer algo em favor do outro, enquanto não pode viver na prática o amor do Pai.
Não isolados em cada individualidade, mas enfim, olhando juntos para o mesmo alvo, buscando individualmente nos achegarmos a Deus, realmente preocupados com o que Deus sente. Em intimidade com Deus, conhecendo a sua palavra, podemos sentir o que Deus sente, sendo um com ele e um com a sua igreja. Podemos ser uma geração diferente, a primeira que chora a dor de Deus, que se ira junto com ele quando as coisas parecem erradas demais, que se alegra festivamente diante de uma única alma resgatada, que ama o tanto quanto o nosso coração for capaz de conter. Podemos ser a geração que tem o coração de Deus.
Ariane Machado
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