quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Rompendo a barreira do tempo


"Deus, vem derramar sua vida em mim / Enquanto espero a sua volta
Deus, vem derramar sua glória em mim / Transforma tudo a minha volta
Eu quero o amor dos primeiros dias / Eu quero temor pros últimos dias"


Mais uma vez venho falar sobre música, e desta feita eu trago "Vem derramar" de Rodolfo Abrantes, apenas uma de suas letras maravilhosas. Eu achava o início bonitinho e as últimas duas frases fortes e importantes. Sentei-me para escrever sobre esses trechos, pronta para ignorar o início da música, quando decidi lê-la mais uma vez, e percebi como toda a canção está intimamente conectada entre si.

"Eu quero o amor dos primeiros dias" foi a primeira frase a me tocar, e é um pedido que me consome noite e dia, todo dia. Quão maravilhosos são os primeiros dias! Ainda que seus amigos lhe desprezem, você tem o amor dos primeiros dias! Ainda que sua rotina lhe atrapalhe de estar em todos os cultos no horário, você tem o amor dos primeiros dias!

É interessante que o amor dos primeiros dias se sobrepõe a tudo, não importa se tudo está lindo e meigo, ou se está travando uma verdadeira guerra, no amor do princípio tudo o que deseja é estar com Deus, fazer tudo para que O alegre, e viver para o seu reino. E, digo com tristeza, é interessante o quanto que oramos e cantamos buscando voltar a esse primeiro amor... São as melhores lembranças da nossa vida com Cristo, mas parecem ser os dias mais distantes. O que acontece que esses dias passam em vez de perpetuar-se por toda a vida cristã?

A composição da qual tratamos começa com o que talvez seja a solução para esse esfriamento, mas penso que é necessário um outro ponto de vista. "Deus, vem derramar sua vida em mim" é o que se canta, mas se Deus respondesse a essa clamor, suponho que seria alguma variação dessas palavras "Estou derramando, filho, há muito tempo venho derramando a minha vida em ti".

Imagino que, se estivéssemos todo o tempo atentos ao constante derramamento de Deus em nossas vidas não precisaríamos voltar ao primeiro amor.

A bíblia é a revelação da vida de Deus a nós, e é, portanto seu derramar sobre nós. Ele nos mostra o seu amor, graça, misericórdia e muito mais de sua natureza e através de suas leituras se apresenta continuamente. Há muito tempo houve um derramamento da vida de Deus, no chamado dia de Pentecostes Deus transbordou de si sobre a humanidade na pessoa do Espírito Santo, e Ele veio para estar entre nós até que Jesus volte, o Santo Espírito de Deus é como fonte de águas vivas e se renova a cada dia em nosso meio, portanto, apesar de sua vinda já ter muito tempo, ele é constante sobre nós.
O que quero dizer é que, se damos lugar ao contínuo derramamento de Deus sobre nossas vidas por toda a nossa trajetória com Ele, "enquanto esperamos a sua volta", vamos sim ter um amor como nos primeiros dias.

Outro trecho clama por temor, temor para os últimos dias. Mas o que é temor? Acho que já sabemos que não é medo - em do Êxodo 20:20 Moisés adverte ao povo para que não tivessem medo, e  fala que Deus veio a eles para que houvesse temor. Talvez seja algo mais próximo ao respeito, mas entendo que é ainda mais profundo que os dois substantivos citados. Além do mais, o temor a Deus nos leva à sabedoria (Provérbios 1:7).

Penso que o temor é como um respeito com adoração, por isso Rodolfo roga pelo derramamento da glória de Deus. Quando reconhecemos os feitos de Deus, sua soberania e sua glória, é inevitável adorá-lo, porque esse será o desejo mais ardente do nosso ser, e haverá o respeito pelo reconhecimento da grandeza e poderio divino.

Há ainda a menção aos últimos dias, dias esses nos quais o amor de muitos se esfriará e antes disso, provavelmente, o temor já terá se esvaído. A percepção constante da glória de Deus nos levará a uma vida de um imutável amor fervente, tal qual o dos primeiros dias.

Ariane Machado

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