Em alguns períodos, ser cristão foi motivo de vergonha. Escuto um caso que alguém afirmou algo assim “passei n anos na faculdade e ninguém descobriu que sou cristão” – não sei se o caso é real, mas imagino que é muito aplicável. Bíblias pequenas para pôr no bolso e outro disfarces possíveis para esconder sua identidade secreta... Você é crente.
Parece-me que isso mudou, há alguns anos ser cristão parece ter virado moda, e pessoas andam por aí com suas bíblias debaixo do braço, um monte de versículo nas redes sociais e placas gigantes escritas “EU SOU CRENTE”, a placa talvez seja um exagero... Mas o engraçado é que em algum momento recente da história algo mudou, e ficou legal ser de uma igreja. Eventualmente o evangelho tornou-se mais atraente, e confortável o suficiente para tanta gente aceitá-lo, isso é realmente preocupante, mas não é bem sobre o que venho falar.
A vida cristã é um relacionamento e, portanto tem alguém além de você, alguém realmente necessário nessa relação, Deus. O crente do século XXI carrega sua grande placa “EU SOU CRENTE”, e o Deus eterno tem gravado em suas mãos o nome do Seu povo (Jeremias 49:16).
Como já falei, creio que a época da vergonha do crente foi deixada de lado, o que quero então perguntar é: Deus se envergonha de ti? Ele carrega o seu nome na palma de suas mãos e se orgulha de mostra-las abertas e dizer “Olha esse meu filho! Ele me alegra tanto!”? Ou você tem feito besteira e ele olha envergonhado, querendo quem sabe, fechar as mãos para que não vejam seu nome?
“[...] Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus [...]” Essa frase poderia estar falando de nós? Esse é um trecho do versículo 16 de Hebreus 11, e todos sabemos do que se trata neste capítulo, A Galeria dos Heróis da Fé. Onde um autor desconhecido se pôs a exaltar homens como Abel, Enoque, Abrão, Isaque e Jacó.
O que? Se eu quero nos comparar a esses grandes homens? Sim! Claro! É para isso que eles estão aí, não? Para nos servir de exemplos e incentivar-nos a sermos mais deleitáveis a Deus. Não fazendo o mesmo que eles, mas fazendo o mesmo que eles. As experiências serão diferentes, mas devemos sim nos inspirar neles, especialmente na fé.
Inegavelmente, cada um naqueles versículos tinha algo em comum, a fé. E se nós não a temos, precisamos rever a placa que temos carregado, porque a fé é crença e se não cremos, podemos ser qualquer coisa, mas com certeza não somos crente, simples português. Mas sem fé também não agradamos a Deus, provavelmente nem creiamos em Deus sem ela, talvez numa força superior porque nos é confortável. Mas para realmente estarmos em Deus, com Deus e alegrá-lo, precisamos crer em quem Ele realmente é, crer que Ele existe e toda criação se fez por Ele, por meio de sua palavra.
Os nossos heróis também tiveram em comum que eles agradaram a Deus. As suas ações tiveram graça aos olhos do Senhor. Abel O alegrou com sua oferta de sacrifício e adoração, ele era um homem correto em suas ações e isso foi aprazível ao Pai. Noé o obedeceu quando nada dava razão ao que Deus lhe falou, nada lhe podia ser provado, mas o firme fundamento no que não se via agradou a Deus.
Obediência, amizade, comunhão, fidelidade e esperança em Deus são características que encontramos na vida desses homens. E há ainda algo que o autor destaca em suas vidas, eles confessaram ser estrangeiros.
A importância de nos declaramos estrangeiros é que temos consciência de que não somos daqui, por aqui apenas passamos, e, portanto as coisas daqui não nos aprisionam, mas nos importa viver pela fé. A aprovação das pessoas daqui não importa, o importante é que aquele de onde venho e para onde vou não se envergonha de mim, talvez ele diga “És meu filho amado em quem me comprazo” e que “o mundo não é digno de nós”.
O evangelho confortável que esse século tem nos apresentado realmente nos leva à aprovação de Deus? Talvez nem mesmo haja um orgulho generalizado em servir a Deus, mas um orgulho por suas próprias doutrinas. O que o capítulo 11 de Hebreus nos apresenta é um apanhado de pessoas e atitudes que agradaram e agradam a Deus, quero nos alertar que em vez de carregarmos placas, carreguemos atitudes, e assim, exibiremos que não nos envergonhamos do Deus com quem parecemos e servimos, e as mãos de Deus estarão estendidas sobre nós com os nossos nomes, e ele se alegrará de nós e nós caminharemos para a pátria celestial que Ele nos preparou.
Ariane Machado
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