sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Conectados à base

Eu tenho 20 anos de vida e 20 anos de igreja . Cresci num lar evangélico, sempre frequentei os cultos de terça, quinta e domingo, participei da EBD (Escola Bíblica Dominical) desde que minha idade permitia estar numa sala com outras crianças em vez de estar no colo de minha mãe, estudava as lições e respondia os questionários. Até mesmo ia para os trabalhos da juventude com minha tia, quando nem mesmo à adolescência havia chegado.

Eu conheço a historia dos principais personagens bíblicos desde muito nova, conheço as parábolas e até das revelações sei um pouco. Em algum momento em minha vida cristã eu achei que sabia o bastante.

O que na minha igreja chamamos de culto de doutrina - no qual se fala de aplicações práticas dos princípios bíblicos, e nos alerta das nossas falhas como noiva de Cristo, eu achava importante, e me interessava. Mas os cultos de domingo, no qual estamos evangelizando, eu decidi que não precisava mais, algo como isso passou por minha cabeça: "eu não preciso ouvir sobre as coisas básicas do evangelho, afinal eu já me converti e fui batizada, então claramente já sei sobre isso". Eu não deixei de frequentar os cultos, a parte do louvor seria importante, pois eu estaria louvando, mas quando o pastor começava a mensagem eu me desligava. Eu não fazia ideia sobre o que se falava, só imaginava que eu já sabia a respeito.

Mas então eu percebi que me aprofundar nas coisas menos básicas não era o suficiente para eu estar com Cristo, se eu me afastava das coisas do princípio. Pensa numa corda que está presa no topo de algo, essa corda tem um determinado tamanho, quando eu ia para os caminhos mais confusos da teologia, eu puxava a corda para onde eu queria chegar, mas ela se desgrudava da base, a minha corda permanecia do mesmo tamanho, mas eu estava me distanciando dos alicerces do evangelho. Quando eu voltei a aprender sobre o amor de Cristo, o sacrifício de Cristo, a salvação em Cristo, a minha corda crescia. Então percebi que é na verdade um galho, o qual precisa estar conectado à essência do evangelho, que é Jesus.

Meus anos de igreja levaram-me a estar confortável com o que eu tinha de base, e me fizeram esquecer-me quanto o básico é necessário. A palavra nos diz que a vida eterna é para conhecermos a Deus e, portanto devemos prosseguir em conhecê-lo (João 17:3), Cristo é tão profundo, até mesmo o conceito mais básico na vida com ele, é profundo. O amor nunca é raso, principalmente se ele é o amor perfeito, o amor daquele que é o próprio amor. Eu entendi que não importa o quão simples é algo sobre Deus, nunca sabemos o bastante, e há muito mais para aprender e experimentar nEle. E creio que mais importante que altas colunas, são os fundamentos para sustentá-las. Porque de nada nos serve ter inúmeros livros de teologia, se não vivermos o principal mandamento, que é o mais básico e essencial da vida cristã, ou se nos esquecermos da mansidão e humildade à qual nos convida no famoso “Vinde a mim... e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11:28-29), ou da santidade, sem a qual ninguém verá a Deus (Hebreus 12:14).

Aprofundar-me em teologia sem Cristo estava me levando a conhecimento morto. E notei que precisamos ouvir do simples e imenso amor de Deus constantemente, e sermos convencidos pelo Espirito de que não somos ninguém e merecedores de nada, mas a graça de Cristo nos alcança e nos leva à salvação e a uma vida de comunhão com Ele, para realmente termos uma vida de intimidade com Ele. Senão, não importa quantas historias saibamos, há quantos anos temos estado na igreja ou quantos conceitos tenhamos estudado, sem aquele que nos dá do seu eterno amor, de nada vale.

Ariane Machado

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