Numa sociedade dividida em “brancos x negros”, “heterossexuais x homossexuais”, “machistas x feministas” de que lado fica o cristão? Muito vem sendo discutido sobre os preconceitos e discriminações sofridas pela minoria, sobre a imposição de um sistema organizado em prol dos brancos, heterossexuais, machistas e cristãos. Com o assunto em pauta, muitas organizações têm crescido ou sendo criadas diante desse panorama, na tentativa de que as vozes que têm clamado não se calem, mas tomem proporções ainda maiores, sejam ouvidas, e tragam resultados.
Dentro da política, há representantes e militantes desses grupos. E se não bastasse toda a atual conjuntura dos pró-impeachment contra o pró-governo, a sociedade vem se dividindo baseada nos partidos em vez das causas, e lembrando-se de lutar por cores e legendas, em vez de lutar por pessoas.
Reconheço que, teoricamente, nós cristãos somos os heterossexuais, cristãos, e rotulados de machistas. Admito que, numa sociedade historicamente cristã, leis e um pouco da moral que paira sobre nossa cultura ainda tem um pouco dos nossos princípios. Mas isso já vem mudando, e diante de todas essas discussões e de uma sociedade fragmentada, de que lado estamos eu e você?
A vida do cristão tem uma base e inspiração, nossa vida é parecer com Cristo, imitar seus princípios e ações. Não podemos passar toda a vida frequentando uma igreja, sem nunca questionar o nosso olhar ao outro, e se nossas atitudes condizem com as de Jesus. A passagem de Jesus aqui na Terra foi marcada por sua postura diante dos chamados “minoria”, se Ele viesse aqui em nossos dias, por certo Ele não negaria sua presença a estes, na verdade seria com esses que ele jantaria, seria a esses que ele chamaria para senta-se com ele.
Seu olhar de graça pousou sobre os que eram julgados pela sociedade, seu cuidado se estendeu aos rejeitados, o seu amor alcançou aqueles que eram vítima dos olhares, dos julgamentos, dos mal falares.
Nós cristãos temos em nosso olhar a graciosidade de nosso Mestre ou insistimos em acusar, tal qual faziam os fariseus?
O evangelho é baseado no amor, é ele quem deve reger as nossas vidas. Não inspirados por partidos ou conceitos. Não guiados pelo que parece mais apropriado, mas sabendo o que é o certo. Não digo os ideais certos, ou escolhas certas a respeito de sexualidade ou defesa de gêneros, mas o amor, que une todas as coisas, e é capaz de passar por cima das diferenças.
Seguindo o exemplo do próprio amor, precisamos abrir mão do que nos parece adequado, e amar. Desfazer as diferenças e até nos colocar no lugar dos outros.
As pessoas têm questionado nós cristãos, nossos valores e atitudes, porque nós não temos, de forma geral, refletido aquilo que esperam de nós. E esperam, não desconectados de tudo, mas porque conhecem aquele que é a pedra fundamental de nossa crença.
Exibir o nome de cristão como um qualificador de quem nós somos não tem o menor sentido se antes da posição de cristão não assumirmos atitudes como as de Cristo. É impressionante ler textos como o da mulher adultera, no qual Jesus, agindo contrário aos costumes e ao que esperavam, com graça lhe defende frente aos acusadores. O “super pecado” do adultério nada é diante de uma vida, uma pessoa digna de amor, que não deve ser julgada por suas paixões e escolhas. Julgada por outros também cheios de paixões e escolhas diferente dos outros.
A postura de ninguém nunca vai agradar a todos, e ninguém está vivendo para agradar a nós crentes e nossas crenças, mas nós vivemos para agradar ao nosso Pai Celestial. O que ele espera de nós não é que forcemos aos outros a agrada-lo, mas que glorifiquemos a ele, exalando o amor que Ele um dia exalou através da morte de Seu Filho em nosso favor.
O reino de Deus é sobre servir, sem procurar pelo maior ou melhor; é sobre amar, sem procurar por motivos; é sobre doar-se, sem esperar retribuição. Até porque, fomos alcançados pelo amor de Deus quando deveríamos receber qualquer coisa, menos a dedicação do seu amor, nele encontramos perdão quando de forma alguma fomos dignos, Dele recebemos a salvação, sem qualquer merecimento.
Aprendendo com ele, reflitamos a sua imagem, reproduzamos os seus ensinamentos. E ajudando não só a minoria, mas façamos com que as vozes de nenhum cidadão se cale, mas cada vida, cada grupo encontre em nós uma fonte de amor, de misericórdia, de graça, encontrem em nós paz, carinho, cuidado, respeito. Que sejamos a continuidade do que Cristo foi em seus 33 anos na terra.
Ariane Machado
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