segunda-feira, 6 de junho de 2016

Quem me vê, o que vê?

Certa vez, um amigo meu brincou que era impossível que uma mulher passe por um carro e não se olhe nele. Talvez não seja uma regra, e não precisa ser num carro, mas temos uma imensa atração pelo que possa refletir a nossa imagem. Seja para ver se estamos gorda ou magra, penteada ou desconstruída, bem maquiada ou precisando de retoques, e sei que muitos homens também não perdem a chance de conferir os cabelos, ou ter certeza de que os músculos estão suficientemente à mostra.

Não é a minha intenção discutir vaidade, apesar de Salomão alertarmo-nos de que tudo é vaidade, não creio que a intenção dele fosse de que nos afastássemos completamente dos espelhos que nos cercam. Além de toda a sua beleza, o que você vê ao encarar o espelho? A quem ele revela?

Encare os seus olhos no espelho, o que ele diz sobre você? Talvez ele apresente um olhar cansado, quem sabe exausto, de alguém que insiste em sustentar suas cargas com seus ombros, atropelando diversas noites passadas em claro tentando resolver problemas que não estão ao seu alcance. Talvez ele apresente um olhar desconfiado, de quem não consegue confiar em ninguém, de alguém que sempre espera ser traído, que não aceita ser amado, e que não ama. Talvez o olhar que você encontre, traga marcas de raiva, de rancor, dando amostras de alguém que não perdoa, que guarda mágoas, e as carrega, amontoando-as às dores anteriores, e se enterrando no que os outros lhe causa.

Problemas para nos exaurir realmente encontraremos, pessoas que tentarão minar nossa confiança certamente passarão por nosso caminho, e mágoas serão muitas vezes difíceis de evitar, mas precisamos resistir e vencer cada uma dessas coisas, e tantas mais que nos virão. Mantendo em nossos olhos o olhar de Cristo. Precisamos ser indivíduos que sabem entregar ao Pai o seu caminho, e suas aflições, tendo nEle esperança. Sejamos aqueles que confiam, que entregam tudo às mãos de nosso Deus, e descansa na sua graça. Pessoas que carregam a leveza do perdão. Mais do que isso, esforcemo-nos a carregar em nosso olhar amor, o amor que não procura merecimento nos outros, mas lhes oferece a graça, olhos que não vêm as diferenças, mas que exalam misericórdia. Olhos cheios de mansidão e cuidado.

Olhemos a nossa boca em nosso espelho, e vemos o que? Lábios que exalam mal dizeres, talvez, denegrindo pessoas, desejando-lhes maus caminhos, minando as esperanças do outros ou acabando com o sorriso de qualquer um que ouse parecer feliz. Quando deveríamos ver lábios que sorriem, alegres com a felicidade que vem do céu, pautados na paz que excede o entender. Devemos ter em nossa boca palavras que abençoa, lançando paz sobre os povos, multiplicando os sorrisos. Lábios que exaltam a Deus, através dos quais outros ouçam palavras de amor, de onde se ecoa adoração a Deus, através de louvores.

E o que dizer das mãos que se exibem a esse espelho? O quão distante das obras do Criador elas estão? Ou por onde caminham os pés que se exibem ao espelho agora? Se parecem com os pés de Cristo? 

Eu posso ver os meus cabelos cacheados diante do espelho, talvez você veja a sua careca, ou seus longos cabelos lisos. O sorriso largo se exibe ao espelho, ou o seu sorriso tímido, ou até nenhum sorriso, apenas um rosto pensativo. Os olhos cansados ou alegres.

Mas além da fisionomia, além da aparencia, além do que lembra o seu pai e sua mãe. Há em nossa imagem diante do espelho o que lembre o Pai Celestial? Mais do que isso, somos capazes de ver Cristo em nós?

Que como Jesus respondeu a seu discípulo, também possamos dizer, não por sua divindade (não a temos), mas por parecermos com ele, “Quem me vê, vê o Pai” (João 14:9).

Ariane Machado

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