Há sempre uma preocupação quando alguém está sem uma função na casa de Deus. Quando a pessoa parece desconectada, apesar de estar sempre presente, não tem uma responsabilidade, não está no louvor, ou no ministério de dança, não está em nenhuma liderança, nem faz parte do grupo de peças. Uma preocupação válida, porque ter funções realmente nos torna mais envolvidos.
Mas existe o caminho inverso, que é quando nos atolamos de serviços. O louvor já não é o bastante, e nos tornamos professor de ebd, e assumimos uma célula, e de repente estamos perdidos entre tantas tarefas. Essa não é uma crítica, na verdade, creio que Deus se alegra em ver pessoas dispostas a ajudar no funcionamento de sua obra. Se alegra em ver pessoas envolvidas e cumprindo suas funções, baseadas em seus dons, talentos e disponibilidade.
Acredito, no entanto, que até mesmo o serviço a Deus deve ser dosado. Não que haja um limite de cargos e ministérios para cada cristão, mas o serviço não é o item número um em nosso relacionamento com Deus, e ele não pode atrapalhar os demais itens.
Costumamos ouvir que a bíblia tem resposta para tudo, e ela realmente trás reflexões sobre os mais diversos assuntos. E creia, ela nos alerta a cuidarmos para que o serviço não engula a nossa intimidade com Deus.
Servir é muito bom e muito útil, mas Deus não quer que sejamos apenas servos, ele deseja chamar-nos e tornar-nos também amigos seus (João 15:15). Nesse texto ele não só nos chama para sermos seus amigos, mas ele mostra o que diferencia um do outro, o servo apenas está preocupado em cumprir suas funções, já o amigo o conhece.
Em Lucas 10:38-42, podemos contemplar o servo e o amigo. Representados nas pessoas de Marta e Maria, vemos duas atitudes diferentes, e a advertência de Deus, para escolhermos a melhor parte.
Marta foi como o servo, ela se dispôs a receber Jesus em sua casa, cuidou em deixar o ambiente confortável para ele, talvez servir-lhe um bolo, um suco. Marta o queria agradar. Não creio que ela estava errada, servir a Cristo faz parte da caminhada com Ele. Porém, Marta se perdeu no serviço, ela se preocupou demasiadamente em cuidar do Mestre, que se esqueceu de cuidar de seu relacionamento com Ele.
Maria, diferente da irmã, abriu mão de todas as tarefas, aproveitando a presença do Filho de Deus em sua casa, ela sentou-se a ouvir e “conhecer aquilo que Cristo ouvia de seu Pai”. Talvez Maria servia a Cristo, quem sabe ela falava dele à outras pessoas, talvez ela mostrava o amor de Cristo através de sua vida ajudando quem precisava. Mas Maria sabia que aquele momento era o tempo de adorar a Deus e conhecê-lo.
Servir é importante e faz parte de nossa vida com Deus, mas Ele deseja ser conhecido por nós e adorado por nós. Há momentos em que precisamos entregar tudo a Deus, desligarmos-nos de toda preocupação, e nos ligar apenas a Deus. Ainda que nosso irmão questione “O Senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo esse trabalho?” (v. 40), é o seu momento de conhecer mais o Senhor, é o seu momento de entrega.
Precisamos investir nosso tempo na adoração a Deus e em aprender dEle. Para não corrermos o risco de viver no meio da igreja e não ser amigo de Deus. Para não vivermos com os santos, e descobrir que não somos santos, porque não conhecemos aquele que é Santo. Para não descobrirmos que depois de tanto tempo na igreja, nunca caminhamos com ela em direção a Cristo.
Continue a servir, e se não serve, preocupe-se sim em trabalhar para a obra de Deus, cooperando com as atividades da igreja, mas nos lembremos sempre que o servir não é o bastante.
Em Mateus 7, Jesus mostra mais uma vez que o serviço não é o bastante, dizendo nos versículos 22 e 23:
“Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal. O sábio e o insensato”.
Busquemos então conhecer a Cristo, e ser conhecido dEle.
Ariane Machado
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