O amor de Deus é único e tem características que vão além e é ,às vezes, até antagônico ao amor que nós somos capazes de viver e de expressar, em nosso amor egoísta, limitado e dependente. De forma que quando somos apresentados ao amor de Deus nós chegamos a questionar "como pode?", como Ele pode me amar apesar de quem eu sou e do que faço? Como ele pode me amar nesse nível e tamanho que somos incapazes de dimensionar? E às vezes ainda em nossa vaidade nos pensamos dignos desse amor, e apontamos para o outro perguntando "aquele que está naquela condição... como pode?".
Mas o amor de Deus não é como o nosso. E que bom que não é, ou seríamos todos rejeitados. Porque para início de conversa, achamos que o outro precisa ser merecedor para receber o nosso amor, o outro precisa ser digno, ter méritos, preencher requisitos que o tornem aptos do nosso amor. E agora está em alta a palavra reciprocidade, se eu não receber de volta na mesma medida, acabou, o outro não merece mais o meu amor. E assim vamos criando barreiras para vivenciar e dedicar o amor aos outros, porque o nosso amor é vaidoso, e falho.
E essas barreiras são transferidas para Cristo, como Ele pode me amar, se eu não mereço? Como Ele pode me amar se eu não sou reciproca na medida que Ele me ama? Como eu posso ser amada se eu peco? Se o meu pecado faz separação entre eu e Deus?
O amor de Deus, no entanto, é perfeito, afinal, Ele é o próprio amor. Eu não sei se Deus tem células, mas se tem, todas as células de seu ser são compostas de amor. Deus é amor, e Ele ama de uma maneira que nenhum de nós é capaz, ao ponto de ser possível a Ele amar a mim e a você.
Um amor que nos constrange, porque Ele nos olha em nosso mais vergonhoso estado de pecado, de miséria, de palavras malditas, de sentimentos ruins, de atitudes vergonhosas, e Ele nos ama. Um amor que não se deixa levar pela falta de reciprocidade porque ele não nos ama porque nós o amamos primeiro (I João 4:19), pelo contrário, Ele nos ama porque sua natureza é amar, nos ama porque Ele nos fez de maneira especial, Ele nos ama porque Ele nos separou para si, e mesmo diante do nosso pecado e falhas, ele permanece amando.
Ele permanece amando porque Ele é fiel a si mesmo, e Ele é amor, de maneira inalterável, Ele ama. Ele permanece amando também porque Ele nunca foi pego de surpresa com o nosso pecado, de forma que o fizesse ficar decepcionado conosco, abalando o seu amor. Mas ele nos criou, nos sustenta, criou uma resposta de amor ao nosso pecado, completamente consciente de nossos vacilos acidentais, e de nossos erros cometidos deliberadamente por causa da maldade de nosso coração.
Ele conhece exatamente a dimensão e a realidade de nossos pecados, de como esses pecados nos afastam dele, pecados que têm ferido a outras pessoas, ferido os nossos próprios corações e traçando uma inimizade profunda com ele, e sua resposta de amor tem o tamanho perfeito capaz de transpor qualquer profundidade de pecado, liberando sobre aquele que é tocado por esse amor e se volta para ele em fé com arrependimento, o perdão que é suficiente para qualquer pecado ser anulado e ser jogado no mar do esquecimento.
É realmente constrangedor pensar em quem somos, e em quem muitas vezes insistimos em ser, apesar de todo esse amor, mas é também reconfortante saber que o amor de Deus permanece, e ele nos transforma para uma nova vida.
Podemos não ter uma resposta que faça sentido sobre porque o Deus Todo-Poderoso tem por nós esse amor perfeito, mas devemos ter a certeza de que seu amor é inalterável, incondicional e constante, apesar de nós. E esse amor é o que nos garante vida, perdão, salvação, a condição de filhos, e a promessa de eternidade.
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