Quando o rei se curva pra beijar o servo
Quando o autor se põe no próprio livro
Só pra morrer ali e por alguém mudar o fim
Quando a herança fica para o escravo
Quando é esquecida a dívida do pobre
Quando o troféu reluz e dá seu brilho
Às mãos do que perdeu, mas recebeu do que venceu
É disso que eu falo quando canto
E quando escrevo sobre o amor
É nisso que eu penso quando vejo
E quando sinto esse amor"
É isso que se lê nas palavras de Paulo aos Romanos “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” Ainda longe se sermos filhos e até mesmo servos, Cristo veio fazer parte da história para morrer por um simples ‘alguém’, como fala o compositor. Nós escravos, fomos acrescentados ao testamento do dono de absolutamente tudo, de toda a terra, de cada animal e toda riqueza. Pobres que já haviam perdido suas vidas em garantia de uma dívida que nunca poderia ser paga por nós, nos vimos livres da dívida que foi quitada pela vida de outro, uma dívida esquecida.
E se não bastasse toda essa inversão, e ir de encontro a todos os exemplos de amor já mostrados, revelando um amor perfeito, maior do que toda prova já dada, ‘o rei se curva para beijar o servo’ – canta Estevão. E eu costumo imaginar que quando nos entregamos a Deus em louvor, ou em oração, como diz o salmista, Deus se inclina para nos ouvir (Salmos 40). Talvez ele pare toda e qualquer agitação no céu, ou ele pare até o tempo, e dedica atenção para nós, que nada merecemos.
E feitos filhos, por meio de Jesus, Deus realmente se torna nosso Pai. Não um nome no registro de cada novo cristão, mas um Pai particular de cada um de nós, um Pai que nos conhece de perto, no íntimo, e que deseja ser conhecido. Um Pai que dedica tempo a suas crianças, e cuida e as ama de perto.
A letra desta canção revela o amor do evangelho, o amor através do qual o Deus Filho veio morrer por nós, e o qual veio manifestar. Não somos criaturas maravilhosas que mereceram ser amadas por Deus, mas em lugar disso, éramos os mais miseráveis, indignos do troféu, do perdão, da herança e até mesmo do amor. Perdidos e condenados, para quem já não se via esperança. Mas ainda assim, amados pelo próprio amor.
E "quando os galhos dão sua sombra ao machado", e Cristo vem salvar aqueles mesmos que o matariam, e pelos quais morreria. Isso é um amor maravilhoso e tremendo, que se distancia de todos os conceitos.
Me intriga
À entrega desse amor"
Ariane Machado
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