Um menino nasceu, um filho se nos deu, o cumprimento da promessa enfim era chegado, Jesus nasceu! Mas contrariando a toda espera dos judeus, veio sem pompa, sem destaque, palácio ou coroa. Numa estrebaria, entre animais, nasceu aquele que esperavam ser o novo Rei, e essa história revive em nossos corações nesses dias.
“Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão desde agora e para sempre” – profetizou Isaías, algumas centenas de anos antes. E era essa a esperança de seus conterrâneos. Perdidos os dias de glória dos tempos de Davi, o povo que fora cativo de tantas nações ao longo dos anos de pecado e afastamento de Deus, tinha uma promessa, promessa essa que parecia se cumprir nesses dias. O Rei dos judeus nasceu!
Natanael, quando chamado para justar-se a Cristo no discipulado exclamou: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei dos Judeus”. Isaías foi muito claro, anos de espera, ele era o Rei! Eles apenas não entenderam. Jesus é mesmo Rei, mas o reino era outro. Ele não tinha a intenção de lutar contra Roma, liderar um batalhão de revoltados, expulsar os romanos, garantir o cumprimento das tradições. Não era nada disso! E poucos foram o que entenderam, e mesmo aos que foi revelado a verdade do Reino de Cristo, demoraram um pouco a viver essa verdade.
Anos ao lado de Cristo, e anos de engano. Multidões o acompanhavam e essa multidão esperava pelo que ele não veio fazer. E hoje, multidões ainda o acompanham buscando o que ele não veio dar. O reino foi revelado, os discípulos pregaram por anos e deixou registrado para nós que se tratava do reino espiritual.
Essa já não é mais a dúvida, todos entendemos isso, mas nem sempre lembramos que as coisas não são tão claras quando escritas. Temos entendido que quando os profetas revelam o reinado de Jesus, eles não apontam tão claramente o que falam. E demoramos anos para entender isso. Mas ainda acompanhamos Jesus buscando o que ele não veio dar. Não mais atrás de um trono, coroa e palácio. Buscamos milagres.
As multidões dos tempos de Jesus buscavam milagres, e muita gente hoje nas nossas igrejas buscam apenas milagres. Parecem um pouco menos mal entendidos, afinal Jesus realmente cura, liberta, restaura, recupera a visão, faz coisas extraordinárias. Mas são só sinais. Sinais do que ele realmente veio anunciar.
Os milagres, o alívio dos tormentos da nossa vida de castigados pecadores é apenas um sinal, uma amostra do reino para o qual ele nos convidou. Porque lá “não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor”, e toda vez que ele curou um leproso, um coxo, deu visão a um cego, não dizia que merecemos uma vida de confortos, ele não dizia que veio para nos livrar dessas dores, ele apontava para o lugar ao qual nos convida.
Ele faz milagres sim, glória a Deus, porque Ele é Todo-Poderoso, e pode sim nos curar, não só pode como faz, mas essa não é mensagem que ele veio nos deixar. Ele não viveu o que viveu e morreu como morreu para ser um milagreiro. Jesus é muito mais do que isso, e veio para muito mais do que isso.
Cristo faz Deus conhecido, ele revela Deus, para isso ele desceu, para apresentar o Pai a nós, e a partir dele o céu se abriu, agora conhecemos Deus, porque “quem o vê, vê ao Pai” e partindo da nova vida estabelecida em Cristo, há um novo relacionamento entre os homens e Deus, nele somos chamados Filhos de Deus.
Jesus veio abrir o caminho, limpar-nos de nossos pecados, e nos conduzir ao Reino dos céus. E esse reino começa a ser vivido aqui, hoje, a cada dia. Não numa vida separada da humanidade, e das dores ligadas a ela. Mas desde agora, num novo relacionamento com Deus. Essa foi a vida de Cristo, nos guiar ao conhecimento de Deus, nos levar a ser amigos dele, e ainda filhos.
Uma nova vida, não mais vivida na carne, mas renascida em espírito, para conhecer aquele que é espírito e nos relacionarmos com ele de maneira genuína, algo que venha do mais íntimo do ser. A mensagem de Cristo não é sobre o poder de suas mãos para lutar contra Roma ou realizar milagre, mas sobre um coração com um amor perfeito dedicado a nos amar, e ele nos conduz a amar o Pai de volta, e chama-lo de Pai, viver com o Pai.
Ariane Machado
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