segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Mais perto



Há uma linha de suscetividade entre os sinônimos de arrebatar. Começando por surpreender, é a palavra que escolho para explicar o que o amor de Deus faz. Senhor o Teu amor me arrebatou fala de um amor diferente e único. Na contra mão de cada expressão de amor acompanhada pelas limitações e imperfeições da humanidade. Sem a condicionalidade da aceitação ou reciprocidade de quem o recebe. Questionando os limites do tempo e da rejeição. O amor de que essa canção fala é inigualável.

Um coração surpreendido por um amor que não desiste, por séculos e séculos tem sido rejeitado, desprezado, questionado, e Ele simplesmente não desiste, porque Ele é forte demais para ser derrotado pelo tempo, ou por qualquer coisa. Arrebatado pela força que ele abriga em si, de passar até mesmo pela morte, e vencê-la, de limitar-se à natureza humana, para ser sacrificado. Há amor maior do que o que se doa em favor da pessoa amada? Doação do seu tempo, doação de sua posição de filho para compartilhá-la, doação da vida.

O segundo passo do arrebatamento de um coração se dá a atração para si. O amor de Deus nos atrai, Ele nos desloca para si a partir de quando somos surpreendidos por sua grandeza. O coração humano tem anseio por um amor que lhe satisfaça, e o amor de Deus faz mais do que isso, Ele o preenche, alcançando cada lacuna que há e Ele é transbordante, e conhecê-lo leva o nosso coração a ansiá-lo incessantemente. Ele é o único que nos preenche, e ainda que nossa natureza humana nos leve a outros caminhos, o coração que foi surpreendido por esse amor, é atraído de volta a Ele, de forma que se fugimos ele fica inquieto e desejoso da verdadeira satisfação.

Somos conquistados, arrebatados em paixão, respondemos em amor ao amor que recebemos. E então “meu desejo é estar contigo pra sempre”, não só uma atração, mas um relacionamento. Uma relação de amor e reciprocidade, com destino à eternidade.

Tudo isso é a superfície de um iceberg, é o que se pode ver ao ter um encontro com Deus. Mas Ele tem muito mais para nos fazer conhecer. Ele quer que experimentemos dEle, que estejamos nEle, que sejamos um com Ele.

Ele flui constantemente em quem está nEle, como um manancial, como uma nascente d'água, de onde sempre tem mais água. E assim é Jesus, assim é seu amor, assim é sua misericórdia, e da mesma forma é sua graça. Ele se renova cada dia, e se fomos arrebatados por esse amor, o nosso anseio é conhecê-lo ainda mais, é nos aprofundar num relacionamento intimo com ele.

Porque é isso que o amor faz, ele nos aproxima da pessoa amada, e se o seu amigo ou namorado não parece desejar estar contigo, você questiona o que ele diz sentir. O quanto temos desejado Cristo? Estar com Ele? Conhecer Ele?

A música continua com um clamor, “traga-me pra mais perto, leva-me mais profundo”, e se essas palavras nada têm a ver com nossa oração, é preciso voltar os passos e realmente conhecer esse amor arrebatador. Não podemos estar insensíveis a esse amor.

Por ventura já conheceu amor que se iguale a ele? Um amor que é comparável a esse?

A mulher adúltera conheceu, quando foi surpreendida em pecado pelos mestres da lei, uma graça que ela desconhecia. Davi, insistentemente, encontrou em Deus uma misericórdia renovante como nenhuma outra. Essa misericórdia e essa graça fluem de um amor, amor esse sem limites, mais profundo que qualquer oceano, mais doce e agradável que tudo já experimentado.

Jesus quer estar mais perto de nós, Ele se achega a nós, Ele se apresenta a nós, se já foste arrebatado por esse amor, mas já não o deseja ardentemente conhecer, volte e surpreenda-se novamente. Se nunca o conheceste, mas já foi surpreendido pelo pouco que viu, permita-se ser arrebatado, e essa será sua nova canção.


Ariane Machado

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